Diz-se por estes tempos, que a felicidade é acessivel a todos e que se fundamenta exclusivamente em cada um de nós e, claro, na mãe natureza cujos milagres nos devem regozijar e cujo aroma devemos diariamente aspirar para que o dia comece cheio de energia e boa disposição. Obviamente, não se está a falar de situações em que um desgosto nos arrasa, uma decepção nos extingue, uma doença nos atormenta. Mas tudo é passageiro. O que é preciso é fé e um pouco de esforço para voltar a encontrar o equilíbrio. Pessoalmente, parece-me que há aqui uma tentativa de fugir a qualquer coisa que de há muito se anda a desenhar na nossa sociedade. Como podemos ser felizes sem o contacto com o outro? Sem a cumplicidade na contemplação de um por do sol?Sem a segurança que dá saber que em caso de aflição aquela amiga/amigo ou familiar nos vai socorrer sem se importar de faltar a um dia de trabalho? Por que não assumimos que somos uma grande família que já não é porque se desmoronou? Os casamentos são para seis meses, um ano, às vezes 40 mas nesse momento da vida finalmente o casal chegou à conclusão que já nada os une. As amizades são descartáveis, durou até que serviu. Por que temos medo de aceitar que o ser humano está a viver contra a sua natureza, isolado na sua ilha, agarrado ao computador, cheio de ressentimentos pelo sucesso do outro, cheio de mágoa pela sua solidão? Por que não tentamos resolver o problema da falta de amor que decorre de um individualismo exarcebado? Podíamos começar pelas crianças...
Que se admire e venere a Natureza; que se namore com a lua e saúde o sol; que se abençoe a chuva e que nunca nos esqueçamos de admirar uma árvore e escutar o que o mar tem para nos dizer, nem que seja através dos búzios; que se respeite muito os animais e, se possível, ter dois ou três em casa (de preferência animais que tenham sido abandonados) e que se lhes dê muito e muito carinho. Mas, por favor, não vamos deixar que o ser humano deixe definitivamente de se amar e que as suas amizades ( muito fortes, aliás) sejam quase exclusivamente virtuais).