Hoje, sexta feira - santa, sinto -me com vontade de, definitivamente, me reconciliar com a vida.
É certo que nós somos o que pensamos, e que os nossos pensamentos vão, em parte, definindo a nossa vida dia após dia.
Os meus pensamentos são selvagens, confesso: atropelam-se, intensos como felinos em luta. São quase sempre maus, sobretudo quando acordo de manhã. E estes quadros "Goyanos"demoram umas boas horas a esbater-se. Já me tenho imposto a mim própria, tomar banho ao levantar antes mesmo de comer ou beber qualquer coisa: a água leva consigo energias negativas e eu sinto-me outra se o consigo fazer. O pior é que não tenho, com muita frequência, forças para combater com os tais pensamentos. Estes não estão organizados: todos têm a mesma dimensão e todos se situam no mesmo tempo cronológico; apenas o espaço é diferente, ligeiramente diferente. Puxam-se uns aos outros, por associação, os mais recônditos - já tidos como esquecidos, entram numa competição frenética com os mais recentes. Na faculdade um amigo, dizia-me que eu era "ruminante". Actualmente, escondo o mais possível esta minha maneira de ser porque tendo consciência dela, sei que cansa as pessoas. A mim, deixa-me exausta.