Há bocadinho dei (?) uma aula a uma turma de putos do 10º ano, de um curso profissional.
Bom, o melhor é dizer que segurei vinte e tal adolescentes que não mostravam a mínima disposição para fazer fosse o que fosse em prol de algum enriquecimento a nível de informação. Acontece que há uma menina ávida de saber e que me solicitava. Ela é do Leste (achei que devia dizer isto).
Mal me debruçava para a mesa da rapariga para lhe tirar dúvidas, vinham saraivadas de giz da fila de mesas junto da parede onde se situa a porta de saída ( o que os alunos mais gostam numa sala de aula). Então eu erguia a cabeça e inspeccionava; ficava toda a gente sossegada embora sentada de lado, à vontade, assim como se está numa esplanada. Algum mais disparatado ria-se na minha cara, em silêncio, a boca esticada de orelha a orelha. Chamei a atenção, sentaram-se de forma correcta. Um deles, que tem uma guedelha tipo "cão d àgua", ainda não tinha tirado o gorro de malha, adereço indispensável dado que lhe deixa os olhos a descoberto, concedendo-lhe assim o dom da visão. Enquanto chamava a atenção para o gorro e as pernas todas dobradas e por aí fora, veio a saraivada da ala encostada à janela: era a represália. E assim passei uma aula a tomar conta de meninos que, no final, apanharam o giz do chão porque eu dei o exemplo apanhando também. Podia ser pior: podiam responder -me "Apanhe você" ou então "Isso é que era bom". E assim vai o ensino!