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publicado por berenice, em 31.12.10 às 22:30link do post | favorito

 Anda por aí um anúncio publicitário que, a meu ver, é um tudo nada infeliz.

Ora bem, comecemos pelo princípio que não há outra maneira de começar.

Então não é verdade que a situação económica e financeira do nosso país inspira cuidado? E não é verdade que 2011, por mais que desejemos paz, saúde e muita  prosperidade aos nossos amigos, familiares e colegas se anuncia como um período de grandes sacrifícios para a maioria dos portugueses? São os cortes nos salários; o aumento do IVA etc.... o que toda a gente sabe. E, decorrente daí, muito desemprego e muita fominha para os filhos bastardos deste país e para os estrangeiros que para cá vieram pedir esmola, também.

 E o que tem isto a ver com o anúncio?

Pois bem: "Prepare-se para os cortes de 2011, com as facas x"

Mas andam a gozar com a nossa cara ou eu percebi mal?

Por favor meus senhores: um pouco de respeito e decência!!!


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publicado por berenice, em 19.12.10 às 23:55link do post | favorito

 O natal é frio por dentro e por fora.

   Parece que as famílias se metem num casulo e ninguém que não seja parente ou, pelo menos aparentado( e é preciso que seja convidado), pode roçar nem que seja ao de leve nesse "ninho" que misteriosamente se reconstrói na noite da consoada. Às vezes convida-se aquela tia que aparece com as duas filhas uma casada e outra não e a que é casada traz o marido, um pouco contrariado. São feitos os cumprimentos (as primas já não se viam há tantos anos) e a tia continua chata como sempre fora mas é noite de natal, noite de condescendência e paz. O marido, esse não diz nada. A tia foi sempre quem vestiu as calças lá em casa, ele é um pau mandado.

   Contaram-me um dia que, em certa aldeia ou cidade, numa casa espaçosa e abastada, um padre muito solitário porque os sobrinhos estavam longe e os irmãos já tinham partido para terras onde natal é todos os dias, exigiu a presença dos mais pobres da paróquia e juntou trinta pessoas à volta da mesa da consoada. À cabeceira ficou a prima pois quase todos os padres tinham consigo uma prima que era a senhora que dava ordens à empregada que lavava, passava, cozinhava e ainda tratava das couves no quintal. Das couves que ela tratou com carinho, pouco sobrou porque os comensais eram muitos. As batatas e o bacalhau foram comprados na mercearia e a prima escandalizara-se um pouco. Mas que seja pelo amor de Deus.

 Também a empregada teve direito a sentar-se à mesa, coisa que a prima do padre nunca consentira. Um pouco afogueada, foi a última a sentar-se logo após ter depositado sobre a mesa as dez travessas do bacalhau com as batatas e as couves. O padre ajudara, partira o pão e dispusera-o um pouco desajeitadamente em vários cestinhos. Não faltou o queijo e umas garrafitas de vinho que os pedintes, envergonhados, recusavam, não fossem parecer atrevidos ou bêbados. Aos primeiros goles toda a gente ficou mais à vontade e a noite tornou-se tão quente que foi necessário levar o braseiro para a cozinha.

 Aquele padre nunca tivera uma noite de consoada tão plena, tão inteira. E foi realmente feliz, como já não se lembrava.

Se o padre contou na missa o que aconteceu para dar o exemplo da caridade aos paroquianos?

Não! Há, mesmo na noite de Natal, aquelas pessoas cuja curiosidade é superior ao frio; encarrapitadas no exterior das vastas janelas, aninhadas no  escuro da noite, presenciaram estupefactas o acontecimento.


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publicado por berenice, em 05.12.10 às 22:05link do post | favorito

 Hoje acordei com alguma vontade de atravessar o rio até à outra margem em busca de um mundo, de uma realidade da qual me sinto afastada, quase excluída. 

 Não sei bem se esse mundo que desejo será a outra parte de mim que com frequência me abandona e vagueia por parte incerta, quiçá aborrecida pela monotonia que esta metade que aqui está a força.

 Mas o barco estava parado.

Saí equipada com botas de chuva e muita energia nas mãos para poder remar e atravessar o rio.

Mas o barco estava encalhado, e eu esforçava-me chamando todas as minhas forças.

E o barco não se movia.

Esperei, apesar da chuva que caía, que um outro barco levasse o meu.

Mas nenhum outro barco apareceu.

Já era quase noite e eu tremia devido à frieza da atmosfera mas sobretudo devido ao frio que havia em mim.

Sem esperança e sem ânimo, fiz a única coisa possível.

Desisti.


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