Hoje, no Continente, foi a loucura total.
Vou aproveitar esta pechincha, pensamos. E assim, não nos dirigimos directamente aos corredores onde se encontram os produtos que fazem realmente falta mas passa-se tudo a pente fino como numa feira.
Olha o detergente para a roupa! já tenho pouco. Espera lá que não sou parva! Vou levar o amaciador que cheira a pétalas de rosa e que normalmente não uso. E, já agora, o anti-calcário. A máquina da roupa está velhinha mas assim pode aguentar mais algum tempo. Ainda neste corredor, deixa ver...ah! O tira nódoas. Vou levar duas embalagens. Aproxima-se o Natal vou ver dos vinhos e também dos frutos secos. Olha só, este Alvarinho que nunca compro por ser um luxo. E para os miúdos os sumos, muitos sumos, porque o IVA vai aumentar e assim fico com uma reserva. É verdade! O leite com chocolate.
Ainda me falta ir ver das massas e arroz e açúcar e bolachas. Muitas bolachas! Ai que me esquecia da comida para o gato! Vou mimá-lo e levar do melhor que há. Afinal, tenho um desconto que não aparece todos os dias. Vou levar também um pratinho novo para a comida e outro para a água. Eles são dois, bolas! tenho que levar quatro pratinhos. O carrinho está muito cheio.Vou telefonar ao meu marido para me vir ajudar. Que ideia a minha vir sem ele num dia destes.
Chego à caixa, finalmente. O meu marido espera do lado de lá. À medida que vou vendo o registo dos produtos, vou empalidecendo, perdendo as forças.
- Noventa e oito euros e vinte cêntimos.
-Como?!
A menina passa-me o talão e repete com um sorriso afável "noventa e oito euros e vinte cêntimos" .
Sinto-me arrasada. Por que raio me fui deixar levar pela "canção do bandido?