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publicado por berenice, em 24.10.10 às 21:01link do post | favorito

 Hoje, no Continente, foi a loucura total.

Vou aproveitar esta pechincha, pensamos. E assim, não nos dirigimos  directamente aos corredores onde se encontram os produtos que fazem realmente falta mas passa-se tudo a pente fino como numa feira.

Olha o detergente para a roupa! já tenho pouco. Espera lá que não sou parva! Vou levar o amaciador que cheira a pétalas de rosa e que normalmente não uso. E, já agora, o anti-calcário. A máquina da roupa está velhinha mas assim pode aguentar mais algum tempo. Ainda neste corredor, deixa ver...ah! O tira nódoas. Vou levar duas embalagens. Aproxima-se o Natal vou ver dos vinhos e também dos frutos secos. Olha só, este Alvarinho que nunca compro por ser um luxo. E para os miúdos os sumos, muitos sumos,  porque o IVA vai aumentar e assim fico com uma reserva. É verdade! O leite com chocolate. 

  Ainda me falta ir ver das massas e arroz e açúcar  e bolachas. Muitas bolachas! Ai que me esquecia da comida para o gato! Vou mimá-lo e levar do melhor que há. Afinal, tenho um desconto que não aparece todos os dias. Vou levar também um pratinho novo para a comida e outro para a água. Eles são dois, bolas! tenho que levar quatro pratinhos. O carrinho está muito cheio.Vou telefonar ao meu marido para me vir ajudar. Que ideia a minha vir sem ele num dia destes.

 Chego à caixa, finalmente. O meu marido espera do lado de lá. À medida que vou vendo o registo dos produtos, vou empalidecendo, perdendo as forças.

- Noventa e oito euros e vinte cêntimos.

-Como?!

A menina passa-me o talão e repete com um sorriso afável "noventa e oito euros e vinte cêntimos" .

Sinto-me arrasada. Por que raio me fui deixar levar pela "canção do bandido?

 

 

 


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publicado por berenice, em 11.10.10 às 11:06link do post | favorito

    Há cerca de dois dias vi uma pequena reportagem na SIC sobre famílias que "expulsaram" de suas casas a televisão. Para além de que as crianças se tornam mais criativas e que a televisão impede o diálogo durante as refeições (a mim ensinaram-me que não se fala de boca cheia), pouco mais se disse. O tempo devia ser curto.

   Trago comigo as recordações de uma infância sem televisão e sem rádio.

   Conservo vivas na minha memória as refeições em família em que se falava (aquela de falar com a boca cheia é brincadeira) e se ria e tudo parecia ter outro sabor - um sabor festivo. Actualmente as pessoas à volta da mesa ficam com os olhos cravados na televisão e, de vez em quando, se soltam uma observação é relacionada com o que se está a ver. Isto pode constituir uma vantagem, uma "salvação" para situações de famílias que já não têm nada para dizer. Infelizmente há muitas famílias, pequenas famílias, que vivem este pequeno/grande drama. Mas sobre este tema não digo mais nada.

  No que refere à criatividade, acredito que a televisão a retrai e atrofia. No que me toca, cresci sem Legos, sem Barbies, sem cozinhitas para as bonecas, sem nada. Improvisávamos tudo; uns bocadinhos de casca de árvore eram os pratos e as panelas e "hortaliça" não faltava para fazer a sopa. Às vezes era uma sopa mais rica com um bom bocado de carne (um calhau) e chouriço (um pedacinho de pau). Eu e o meu primo fizemos um boneco de um galho de amendoeira. Teria uns vinte centímetros de diâmetro; na parte que escolhemos ser a cabeça nasciam dois galhos  que eram os braços e mais abaixo outros dois galhos mais grossos (a natureza ajudou, confesso) que eram as pernas. Um dia, a minha avó viu por ali aquele tronco estaladiço e zás! meteu-o na fornalha. Foi uma choradeira mas durou pouco tempo.

 A minha plasticina era o barro molhado. Era uma terra vermelha com aquele cheiro intenso, indizível, que se agarra à nossa alma para toda a vida.

Era um prazer mexer na terra, agarrá-la aos bocados, moldar bolas e berlindes, bonecos de todos os tamanhos, tachos, caldeirões e tudo o que a imaginação permitia. E éramos tão felizes!

 


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publicado por berenice, em 08.10.10 às 22:38link do post | favorito

 Há matérias que ninguém nos ensina e que são tão importantes como a Informática, o Direito ou a Economia.

Ainda por cima, nas livrarias, não há literatura específica sobre o assunto. Encontramos  tentativas de ajudara ter sucesso, a livrar-se da timidez e dos sentimentos de inferioridade...Ai que agora me lembrei do "Segredo"! Pense em dinheiro, visualize-o, dê dinheiro, esbanje-o, atire-o pela janela fora, ofereça barretes de notas (...) e a sua vida será de abundância.

  Na verdade a escrita é uma coisa fabulosa; neste preciso momento lembrei-me que posso utilizar "O Segredo" para atrair as energias da eterna juventude, afugentar as rugas como se fossem bruxas velhas e feias, tornar a flacidez do rosto e do pescoço em tecidos elásticos e deliciosamente cor-de-rosa como têm os bebés. E mais, meu Deus! Eu posso negar a morte, fechar-lhe a porta, basta querer com convicção e certeza.

 Então chegamos ao ponto: o que importa é a Fé. A propósito de Fé (refiro-me à Fé Cristã) lembrei-me de uma piada que uma aluna minha, pessoa adulta, me contou há mais de vinte anos.

 Uma rapariga, entusiamada com uma frase que a Bíblia atribui a Cristo a propósito da fé como um grão de mostarda, se a tiverdes podeis dizer àquela montabha afasta-te.... e a miúda quis experimentar.

 Ao entardece, da janela do seu quarto, falou para a montanha que via lá ao fundo, enorme e acinzentada.

- Amanhã, quando eu acordar, não estarás aí, eu sei que não estás porque a minha fé é muito grande.

No outro dia, excitadíssima foi à janela e lá estava a montanha imponente, revigorada...

-Oh, eu já sabia.... e voltou  a adormecer.

 


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