Há dias fui às compras e trazia numa das mãos um garrafão de água. Um rapaz cuja cara não me era estranha e que logo identifiquei como antigo aluno, aproximou-se, sorriu para mim e prontificou-se a carregar o garrafão até ao carro. Achei a insistência um bocado fora de propósito até porque na outra mão eu trazia apenas um saquinho com pouco peso. Caminhamos aqueles cem metros a falar não sei do quê e eu a sentir-me desconfortável. Confesso que não gosto deste tipo de situações. Sinto-me em dívida desnecessariamente. Finalmente chegamos ao carro. Abri a porta e no banco de trás arrumei o saquinho. Saquei do garrafão e ajeitei-o também para que não fosse aos solavancos até casa. O rapaz não ia embora mesmo depois de eu lhe agradecer e de dizer que tinha gostado de o reencontar. E ali permanecia especado até que finalmente me disse:
- Professora, não foi por isto que eu trouxe o garrafão. Mas tem dois euros que me dê?
Fiquei atordoada a pensar que tinha ido em perseguição de 5 litros de água mineral a 28 cêntimos e, de repente, aquele garrafão me custava 2 euros e 28 cêntimos. O rapaz continuava a dizer que era para o autocarro e que a tia não aparecera e que o bilhete era um euro e meio mas dois euros chegavam.... dei-lhe os dois euros mas confesso que fiquei muito incomodada.