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publicado por berenice, em 18.06.10 às 15:05link do post | favorito

 Morreu Saramago! A idade já não permitia que vivesse muito mais tempo mas não posso deixar de sentir uma certa agonia perante a inevitabilidade da morte.

 Fiz um esforço atroz para ler o "Memorial do Convento" e não consegui acabar. Comecei a ler cinco vezes mas, passadas talvez 40 páginas, era invadida por um forte desinteresse. Sou professora (felizmente não de português) e não posso dizer isto aos meus alunos já que o livro em questão é de leitura obrigatória, no Secundário. Depois tentei "O Ano da Morte de Ricardo Reis" mas qual quê! Acontece que, como faço questão de andar actualizada nestas coisas da literatura, ainda tentei "Os Evangelhos Segundo Jesus Cristo". E não é que consegui? Actualmente, leio os seus livros com alguma facilidade (embora não com paixão).

José Saramago era uma figura poderosa. Alto e de bom porte, intimidava. Quer dizer, não é difícil intimidarem-me a mim. Por que razão hei-de eu estar a falar de uma pessoa que mal conheço e fechar-me em copas a meu respeito?

  Já há muitos anos jantei com ele e com a mulher, a Isabel. O que teria acontecido à Isabel, uma mulher super chic de cabelo platinado que sempre acompanhava o marido segundo, ela própria, me confidenciou? Nesse jantar, primeiro contacto que tive com o já então escritor, apercebi-me de que ele era irónico, sarcástico e....convencido. Afinal o senhor tinha razão, estava cheio de projectos que sabia que ia concretizar com a tenacidade e a persistência que o caracterizavam. Ora esse jantar não aconteceu porque Saramago se lembrou de convidar a "sua amiga Berenice". Ele não me conhecia. Aconteceu talvez por acaso.  Porque estava casada com uma pessoa que tinha muitas afinidades ideológicas com Saramago. Se a mulher desse  homem fosse outra, seria essa outra que estaria nesse jantar e não eu.

 Apetece-me contar aqui uma piada ou talvez, melhor dizendo, "uma saída" do genial Saramago.

- A pescada que diz aqui a ementa é fresca? perguntou ao empregado.

- Não senhor, é congelada - respondeu este cheio de dignidade e profissionalismo.

- Então, pela honestidade, uma pescada cozida.


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publicado por berenice, em 05.06.10 às 14:33link do post | favorito

   Hoje o "google" agradou-me especialmente; tão geométrico, tão instalação, tão londrino , tão comercial......

Mas eu não vim aqui para escrever nada disto! Será que me esqueci?

   Preciso descodificar o mistério das longas, tórridas, tardes de Verão. E, apesar de ainda estarmos na Primavera (essa prima tão juvenil e empática que todos temos), sinto que é hoje que vou descobrir que gnomo ou duende, que anjo ou feiticeiro preside a esta calma pesada que a partir do mês de Junho se instala nas indizíveis regiões mediterrânicas. A ideia que me dá é que a sesta ou a folga como dizem os espanhóis (na minha terra, onde não faltam reminiscências espanholas, também se dizia) mais não é do que um estado de semi embriaguês a que somos levados por algum astuto espírito para que alguma tarefa, com alma de travessura ou intrinsecamente nobre, seja levada a cabo.

  Sou fã da sesta ou da folga, tanto faz. Gosto do estado de sonolência que vem depois do almoço e gosto mais ainda da minha essência depurada após o sono. Sinto-me um pouco criança, sinto-me quando dormia de tarde em tempos que já lá vão e acordava com um vasto silêncio a tomar conta de toda a casa, de toda a rua. E mais uma vez me apetece dizer que chamava, ao fim de algum tempo, a inquietação na voz: mãe?! E se ela respondia sonolenta e arrastada do quarto contíguo, logo eu me calava, arrependida de me ter precipitado, de a ter acordado, talvez. E uma paz muito grande descia sobre mim.


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