As pessoas que me conhecem sabem bem o quanto gosto de animais.
Não raramente me enviam mails em que os animais são protagonistas.
Ultimamente andava a sentir que cá em casa faltava um outro bichinho para me animar a mim e à gata. O meu filho ofereceu-me um pedacinho de gato, perfeito, brincalhão, flexivel como um boneco de borracha. Hoje estavamos a dormir a sexta os três. O pirralho sumido numa prega do edredon e ela, já com uma certa idade, aconchegada noutro canto como que a recordar velhos tempos. Acordei com um barulho, três pancadas estranhas e como estava estremunhada e não tinha óculos não vi o "puto" e pensei : lá anda a fazer asneiras.Mas, ao levantar-me, encalhei numa coisinha: era o gato. Então não foste tu? Inquiri. E mais uma vez, as três pancadas secas. Fui ver: não, a neve não caía.
Encarrapitada nos vidros superiores da janela de uma marquise estava um gaivota. Fiquei fascinada. Aquela gaivota bateu-me à janela. Nunca tinha visto uma tão de perto, olhos nos olhos. Até pensei que estivesse ferida pois tinha um laivo vermelho junto ao bico. Afinal não era nada disso. O bico é mesmo assim. Encarrapitei-me numa bicicleta que há anos habita aquele espaço e dispunha-me a verificar se havia possibilidade de lhe dar alguma comida. Ela voltou a bater com o bico e eu retribui com três pancadinhas com os nós dos dedos. Olhou-me uns instantes e partiu.