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publicado por berenice, em 23.03.10 às 17:54link do post | favorito

 Quando,  até há pouco tempo, me perguntavam: de onde é que tu és? Eu respondia: sou da terra mais bonita do mundo. E era sincera na afirmação. Se dissesse o nome do lugarejo onde nasci tinha que me desfazer em explicações e provocava o riso porque ninguém sabe onde fica a minha pequena aldeia. Últimamente tenho pensado muito nela. E por que não vou lá se tanto a amo? Diz-se que há dois rostos que nunca se esquecem: o da mãe, e o da terra natal. E chegamos ao ponto fulcral: a minha terra perdeu o rosto ou talvez o tenham desfigurado. Perdeu também a estrutura e a identidade. As pessoas da minha geração e até da do meus pais não quiseram lá ficar. Foram para a cidade mais próxima ou um pouco mais longe; emigraram e só voltaram para tomar posse do bocadinho que lhes coube como herdeiros.

 A minha terra ficou sem rosto e sem estrutura: foi partida, desmembrada, vendida aos bocadinhos ou simplesmente abandonada.

Outrora havia caminhos estreitos, poeirentos, um pouco tortuosos. Como eu tenho saudades do pó desses caminhos nas minhas sandálias nos meus pés! Pois bem: os caminhos alargaram porque agora já não se anda de burro mas de carro. Fizeram-se algumas estradas. Os estrangeiros que elegeram aquele lugar para viver vedaram as suas poderosas casas com muros e sebes e cães treinados para ladrar a tudo o que seja português.

 Há já muitos anos, quando ainda tinha a minha mãe comigo, pedi-lhe:

- Mãe, vamos passear ao" cerrinho do Lopes"!

- Filha - repondeu ela: mas quem pode lá chegar? fizeram um palacete enorme,  o cerrinho do Lopes já não existe. Fiquei muito triste pois era por lá que eu passava, quando tinha sete anos, a caminho da Escola. Foi lá que eu aprendi o nascer do sol e o estender dos seus raios quentes que dão vida e alma à Terra; foi lá que eu descobri o mundo dos pequenos animais  selvagens e a sua luta pela sobrevivência. Assim, que vou eu fazer à minha Terra? Soubesse eu pintar e a tornaria imortal fazendo-a transbordar do meu mundo de recordações. Resta-me evocá-la, ter o seu rosto presente no meu pensamento e no meu coração, tal como faço com o rosto de minha mãe.

 


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publicado por berenice, em 13.03.10 às 19:05link do post | favorito

 Há uns anos atrás propuseram-me leccionar História da Arte.

Aceitei sem relutância e sem entusiasmo. Não tinha formação em artes plásticas e para estudar o percurso das mesmas não basta conhecer o contexto historico e cultural em que se integram.

 Foi assim que mergulhei de cabeça num mundo que não era o meu.

Actualmente já consigo perceber a linguagem de um pintor sobretudo se se tratar de pintura a tender para a abstractização.

 "Der Blauer Reiter "- 1910, Munique, Alemanha.

 

Dou por mim a procurar na Internet a obra de Franz Marc.

 

 

Franz Marc, "Cavalos Azuis",1911, óleo sobre tela, 102 x 160 cm

 

 Os animais foram os temas preferidos do pintor.Para ele, os animais expressavam uma perfeita harmonia com a Natureza e era essa harmonia que pretendia transmitir. E aqui está o principal objectivo do expressionismo alemão do "Cavaleiro Azul".

 Franz Marc nasceu em 8 de Fevereiro de 1880 e apresentou-se como voluntário aquando da 1ª grande Guerra.

 Faleceu em 1916, com 36 anos.

 


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