Estou a agir de forma inversa ao que se deve fazer em nome do nosso equilibrio emocional.
Não repise o passado!
E cá estou eu a deixar que os dias passem por detrás das cortinas pois a mente está ocupada com coisas inúteis.
Não deixe que ódios envenenem o seu presente!
E o meu presente está efectivamente contaminado com raiva porque a vida nem sempre é suave como uma nuvem. E assim, o meu presente é mal desembrulhado e mal lhe sorvo o encanto.
Onde é que está a minha sensação de plenitude, aquele frescor de alma que eu sentia ao contemplar um céu bordado de estrelas?
Onde está o sentimento de renovação ao acordar em cada manhã ensolarada?
Não é certamente o tempo chuvoso e ventoso em demasia. Outrora eu ficava maravilhada com a chuva. Para cada condição climatérica tinha um poema que mentalmente deixava deslizar pela minha alma e pelo meu sangue: Chove, mas isso que importa/ Se eu estou aqui abrigada nesta porta/ A ouvir na chuva que cai do céu/Uma melodia de silêncio/ Que ninguém mais ouve senão eu. Não me lembro o nome do autor.Mas ainda me lembro que terminava assim:
Chove,
mas é do destino de quem ama,
ouvir um violino, até na lama.