Com o novo Estatuto da Carreira Docente, no que se refere ao regime de faltas, o medo tomou conta dos professores.
Numa RGP, há dois anos atrás, o presidente do Conselho Executivo dizia para um auditório cheio que, em caso de situação impeditiva de comparecer na Escola, se deveria telefonar imediatamente a avisar. E, para esses imprevistos que só podem ser cinco por ano lectivo, há que arquivar materiais nos respectivos dossiés para que as aulas de substituição decorram (a)normalmente. Logo aqui se verifica o 1º absurdo. Falto, sou penalizada por isso, e tenho que fazer o trabalho na mesma.Sim, porque os materiais não caem do céu!Vejamos então: eu acordo às 7 e 30 e arranjo-me para comparecer com um mínimo de dignidade e asseio na aula das 8 25h; saio a correr porque ainda quero tomar um café no bar (parecendo que não, prepara o dia). Está chuva, colido com outro carro. Paramos ambos, naturalmente. Mas...atenção! Em primeiro lugar tenho que telefonar para a Escola e só depois é que se verificam danos e culpas, é que se fala de Seguros e se trocam números de telefone. Se estiver sem telemóvel sou capaz de ter que deixar tudo e ir a uma cabine pública ou pedir a alguém que me faça o favor de telefonar por mim.
Duas vezes por semana tenho aulas ao primeiro tempo da manhã. Em tempos usava um rádio despertador mas de vez em quando falhava a luz. Não se pode confiar a 100%. Então, comprei um despertador como se usava antigamente, a pilhas, daqueles irritantes, que se sacodem todos, numa aflição de meter dó. Mas é preciso cuidado com as pilhas: à medida que estas se vão gastando, o relógio vai atrasando e na hora de despertar fica anémico, afónico e pronto!
Optei então pelo Serviço de Despertar da PT. Já conheço a gravação de cor. O automático nunca funciona e aí, ao fim de 15 minutos vem um operador que, muito gentilmente, faz o nosso registo. Também não é inteiramente seguro. Já me falharam duas vezes sendo hoje de manhã a última. Por sorte, acordei naturalmente às sete e vinte, não sei porquê. Será que há por aí um Santo que se compadeceu e se tornou nosso protector?