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publicado por berenice, em 31.01.10 às 21:30link do post | favorito

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas

vezes,

mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do

mundo.

E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver

apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de

crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e

tornar-se um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de

encontrar

um oásis no recôndito da alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um não.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

 

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo.

 

Fernando Pessoa

 


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publicado por berenice, em 27.01.10 às 21:51link do post | favorito

 Não sei quais são os poderes e códigos da Lua. Desconheço os seus mistérios mas conheço-lhe  o sorriso matreiro e, seguramente, o temor que inspira.

  Há muitos anos atrás, os camponeses contavam que aquele relevo que visualizamos não era mais que um homem a carregar um molho de silvas às costas por ter feito esse trabalho ao Domingo, dia do Senhor. Parece que afinal o dia do Senhor é ao Sábado pois este é o sétimo dia, aquele em que Ele descansou. E eu que era contemplativa, toda virada para o meu mundo interior, tinha pena que o homem tivesse recebido tal castigo e preocupava-me porque ele devia ter frio, sobretudo em Janeiro.  Da possibilidade da fome, não me lembrava.

 Era comum cumprimentar a Lua Nova quando  se assistia ao anoitecer e ela lá estava a recortar o céu, em forma de foice incandescente, tímida e renascida.Penso que era um costume rural: "Adeus lua Nova/ ainda agora te vi/ Deus salve a minha alma/ como te salvou a ti.

                                                                              

 

  A gravidez das mulheres  tem a duração de nove meses lunares e, com frequência, a futura mãe espera pela "mudança de lua" para que o seu filhote comece com ânsias de vir ao mundo. Depois vem o sorriso da lua feiticeira que o ronda e que não é sorriso é esgar. As pessoas modernas, muito informadas acerca das descobertas e conquistas do Universo, os médicos, os cépticos, sorriem com superioridade e uma pitadinha de condescendência quando ouvem  coisinha destas.Crendices, enfim. É louvável, sem dúvida, o progresso da ciência. E o que outrora parecia ser desta maneira, hoje está mais que provado que afinal é de outra. Mas creio que há todo um mundo mágico que se percepciona pelo sentimento e não pela razão E lá que a Lua tem os seus desígnios que permanecen insondáveis, a mim ninguém mo tira da cabeça.


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publicado por berenice, em 23.01.10 às 09:33link do post | favorito

 Às vezes acordamos  com uma falta de forças que é difícil combater: e tudo dói até o ter de tomar banho e vestir mais uma vez e fazer a cama e sair talvez para fazer umas compras no mercado ali ao lado ou então num grande supermercado debaixo de uma luz artificial passeando pateticamente por entre os corredores a esbarrar com carrinhos e com crianças,a pedir desculpas e a avançar sempre à procura de vantagens nas promoções e marcas brancas. Ainda por cima há a culpa. Então temos lá razões para nos sentirmos desmotivados? Olhe o que se está a passar no Haiti! Aquilo é que é  sofrimento. Nós estamos no Paraíso. É um raciocínio comum, a desgraça dos outros tem que nos dar alento e forças.

 E as imagens desesperadas daquele povo invadem a nossa casa a todas as horas: quando a arrumamos e " meu Deus como será ficar sem tecto", quando jantamos "que desespero, uma semana sem água e sem comida"quando finalmente vamos dormir no aconchego da nossa cama "Senhor, tende piedade daquele povo e livrai-nos a nós de tragédias assim". E valorizamos o que possuimos no terror da perda, nesta vida em que o momento seguinte é uma incógnita e o amanhã será ou não.


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publicado por berenice, em 19.01.10 às 20:47link do post | favorito

 O tema era "Arte Nova". A sala estava bem equipada. Levei um power point com música de Strauss e  pensei que eles gostassem. Os candeeiros eram lindos e acendiam, as cadeiras sugestivas e todas as peças transmitiam uma estética nova resultado da alegria de viver da época.

   Duas alunas numa fila mais à frente ficaram atentas, mostraram-se interessadas.Os restantes estiveram sempre virados para trás em conversa e gritinhos uns com os outros, parece que combinavam onde iriam almoçar, borrifaram-se na aula , em mim, na "Arte Nova"., nas duas colegas. Inútil chamar a atenção, diz-se que é mesmo assim, é um curso Profissional. Saí da aula muito triste. Triste por mim e por eles. Pelo corredor frio, questionava-me sobre o que estivera ali a fazer e quanto mais me questionava mais me sentia desconfortável e mais me apetecia chorar e mais me apetecia não voltar.

 O que se está a passar nas nossas escolas?

 

  "É impossível reformar a escola sem se trabalhar ao mesmo tempo na transformação da sociedade."

 

                                                                           ANTÓNIO SÉRGIO (1883-1969)


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publicado por berenice, em 15.01.10 às 00:19link do post | favorito

 

    Com o novo Estatuto da Carreira Docente, no que se refere ao regime de faltas, o medo tomou conta dos professores.

 Numa RGP, há dois anos atrás, o presidente do Conselho Executivo dizia para um auditório cheio que, em caso de situação impeditiva de comparecer na Escola, se deveria telefonar imediatamente a avisar. E, para esses imprevistos que só podem ser cinco por ano lectivo, há que arquivar materiais nos respectivos dossiés para que as aulas de substituição decorram (a)normalmente. Logo aqui se verifica o 1º absurdo. Falto, sou penalizada por isso, e tenho que fazer o trabalho na mesma.Sim, porque os materiais não caem do céu!Vejamos então: eu acordo  às 7 e 30 e arranjo-me  para comparecer com um mínimo de dignidade e asseio na aula das 8 25h; saio a correr porque ainda quero tomar um café no bar (parecendo que não, prepara o dia). Está chuva, colido com outro carro. Paramos ambos, naturalmente. Mas...atenção! Em primeiro lugar tenho que telefonar para a Escola e só depois é que se verificam danos e culpas, é que se fala de Seguros e se trocam números de telefone. Se estiver sem telemóvel sou capaz de ter que deixar tudo e ir a uma cabine pública ou pedir a alguém que me faça o favor de telefonar por mim.

  Duas vezes por semana tenho aulas ao primeiro tempo da manhã. Em tempos usava um rádio despertador mas de vez em quando falhava a luz. Não se pode confiar a 100%. Então, comprei um despertador como se usava antigamente, a pilhas, daqueles irritantes, que se sacodem todos, numa aflição de meter dó. Mas é preciso cuidado com as pilhas: à medida que estas se vão gastando, o relógio vai atrasando e na hora de despertar fica anémico, afónico e pronto!

  Optei então pelo Serviço de Despertar da PT. Já conheço a gravação de cor. O automático nunca funciona e aí, ao fim de 15 minutos vem um operador que, muito gentilmente, faz o nosso registo. Também não é inteiramente seguro. Já me falharam duas vezes sendo hoje de manhã a última. Por sorte, acordei naturalmente às sete e vinte, não sei porquê. Será que há por aí um Santo  que se compadeceu e se tornou nosso protector?


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publicado por berenice, em 12.01.10 às 16:04link do post | favorito

Deixa-me repousar nos teus lábios

os meus lábios de espuma.

É urgente sentir nas minhas mãos

os contornos imprecisos do teu rosto.

Temo que o nosso tempo se esgote

e que uma nuvem de bruma

separe para sempre

os rios das nossas vidas

 

 

Junho de 2007

 

 

Berenice

 

 

 


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publicado por berenice, em 08.01.10 às 18:25link do post | favorito

 O dia estava a terminar e, de repente, parece que um enorme manto de penumbra acelerou o processo e a noite estendeu-se, sobre o bairro, muito vasta e mansa.

 A minha mãe chamava-me do jardim que ficava lá ao fundo e eu tinha que atravessar um corredor de paredes altas. O chão estava húmido (talvez tivesse chovido) e daí que fosse um pouco difícil correr através dele. No entanto, a minha mãe permanecia inclinada e com os braços abertos para me receber naquele sorriso infinito. E não se podendo inclinar mais, ajoelhou-se para ficar sensivelmente da minha altura, mantendo os braços abertos e as mãos em forma de chamamento. E o sorriso, apesar do desconforto do percurso que eu tinha que fazer, aquecia-me a alma como uma fogueira aquece uma noite fria num acampamento. Mas as paredes do corredor começaram a afunilar na direcção de minha mãe. E agora afunilavam mais rápidamente, de tal forma que o movimento me estava a causar enjoos, falta de ar e de força nas pernas, eu era criança e, antes que as paredes formassem um ângulo agudo e me impedissem de me aconchegar nos braços dela, acordei.

  Hoje de manhã atravessei o dito corredor, muito perto daqui, e cheguei ao jardim lá para os lados da EMARP. E tudo me pareceu renovado: o ar, os arbustos, as flores como se tivessem sido cuidados pelas mãos de minha mãe.

 


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publicado por berenice, em 02.01.10 às 22:38link do post | favorito

 Era uma vez um cão e o seu dono. E o cão falava como as pessoas mas também sabia ladrar. Melhor dizendo, ele só falava quando não havia ninguém por perto pois era inteligente e sabia que isso lhe ia causar sérios problemas.

 

 

  Um certo dia bateu à porta a vizinha do rés -do - chão  muito indignada:

- Ouça lá!  - dizia ela para o dono do cão. O senhor não sabe que é proibido estender roupa, a pingar, na corda? Quer dar-se ao trabalho de ver como  ficaram os tapetes que tenho a arejar no quintal?

 O dono do cão era uma pessoa tímida, com horror a estas questiúnculas entre vizinhos. Mas, mal ia abrir a boca para falar lá vinha a vizinha:

- O senhor não é uma pessoa educada. Se não sabe viver em condomínio vá viver para uma tenda, no meio do mato.

  Mas, nem de propósito, o cão tinha ido à varanda nessa manhã pois andava entusiasmado com  uma miúda de pelo cor de fogo. E sentiu que do 3º andar caíam gotas de água grossas e frequentes sobre a sua cabeça. Olhou para cima e lá estavam, todas alinhadas, dezenas de meias de lã..

   A vizinha desceu as escadas ainda a falar alto e a arrastar os chinelos enquanto o homem insultado ficava com a porta entreaberta até que a mulher recolhesse pois fazia questão de ser sempre educado. Contudo, esta situação deixou-o muito triste. Fechou a porta e quase tropeçou no cão que ficara atrás dele para o que desse e viesse.

- Tu viste-me esta?! disse para o cão tentando desvalorizar o sucedido. O cão pôs-se de pé e lambeu-lhe a cara para o consolar mas também ele estava incomodado. E foi aí que se colocou a este cão o primeiro dilema da sua vida. Ficou todo o dia deitado a um canto rebolando os olhitos. E cogitava assim: "Se vou à vizinha falar é pior para todos pois vão expulsar-me daqui com o meu dono sob o pretexto que ele tem em casa um animal possuído. Mas se não digo nada sou um cobarde porque deixo que o meu dono seja injustiçado. As meias são do 3º andar que diabo!"

  No outro dia, no mesmo andar, apareceram cuecas a enxugar.

 

  E era o mesmo gotejar, pois que as ditas eram grossas e tinham sido mal torcidas.

O cão foi chamar o dono e ladrava para lhe chamar a atenção para a água que quase corria em fio. E a vizinha lá estava em baixo a olhar para cima com uma careta.

  Depois do almoço a campainha tocou: era a vizinha.

- Eu não tenho palavras para lhe pedir desculpas, vizinho - dizia quase a chorar.

- Deixe isso, não tem importância - respondia desajeitadamente o dono do cão.

E o cão pensava que o dono, às vezes, era mesmo um banana. Foi então que lhe passou um espécie de nuvem negra pela cabeça e desatou a ladrar à mulher, furioso.A situação ficou complicada, a vizinha desceu as escadas escorraçada, o homem não pode deixar de sorrir.  O cão precisava desabafar. Enroscou-se na sua cama, certificou-se que o dono não estava por perto e chamou à vizinha todos os nomes maus que aprendera. Entusiamado ainda soltou um "cabra" alto de mais  o que o deixou em sobressalto.


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