Ele era engraçadíssimo a falar.
Quando iniciava uma frase gaguejava um pouco e sorria, um sorriso lindo. Penso que aquele sorriso tanto podia ser natural, decorrente do que ia dizer, como podia ser uma certa forma de conviver com a gaguez, fazendo humor com as suas próprias limitações.
Se não repousasse tão longe e se me deixassem, deixaria lá gravada apenas uma palavra: obrigada.
Obrigada pela infância que passamos juntos; obrigada por me amares tal como eu era; obrigada por me fazeres sentir especial pois sei que sem mim ficavas sem norte assim como eu o ficava sem ti.
Ausentaste-te antes que este controverso ano de 2012 entrasse em palco. A minha intuição diz-me que a tua retirada te poupou a muitos sufocos pois estou expectante e receosa em relação ao que aí vem. As mudanças estruturais (e mesmo as conjunturais) sempre me inquietaram; neste aspeto eramos muito diferentes porque a sua natureza era aventureira. Mas eis que ouço a tua voz: "não tenhas medo, o que vier soará".