Hoje acordei com alguma vontade de atravessar o rio até à outra margem em busca de um mundo, de uma realidade da qual me sinto afastada, quase excluída.
Não sei bem se esse mundo que desejo será a outra parte de mim que com frequência me abandona e vagueia por parte incerta, quiçá aborrecida pela monotonia que esta metade que aqui está a força.
Mas o barco estava parado.
Saí equipada com botas de chuva e muita energia nas mãos para poder remar e atravessar o rio.
Mas o barco estava encalhado, e eu esforçava-me chamando todas as minhas forças.
E o barco não se movia.
Esperei, apesar da chuva que caía, que um outro barco levasse o meu.
Mas nenhum outro barco apareceu.
Já era quase noite e eu tremia devido à frieza da atmosfera mas sobretudo devido ao frio que havia em mim.
Sem esperança e sem ânimo, fiz a única coisa possível.
Desisti.