Possivelmente, ninguém vai ler nada disto; ainda por cima os meus "posts" não são apelativos, não têm cor nem imagem. Não é falta de imaginação e também não posso responsabilizar totalmente a falta de domínio técnico. Mas hoje tenho uma mensagem que me atrevo a soprar com o fôlego dos meus sessenta anos, como se de uma pétala de rosa se tratasse. A imagem - isto é um àparte -, deve-se ao facto de hoje ao fim da tarde ter tido o privilégio de aspirar até à alma, o perfume desabrochado de uma rosa que eu mesma plantei. Os tempos estão difíceis: quase apetece tomar à letra oApocalipse. Há muita gente com fome; muita gente a viver a prolongada agonia do desemprego; e depressões, e fobias e crises de pânico; há muita gente a envelhecer só, sem um carinho, sem uma palavra de conforto de ninguém. com frequência se suicidam. Mas a solidão atinge também os mais novos: divórcios, filhos que emigram, amigos que escasseiam. Sempre tive medo que isto me acontecesse. E aconteceu.
O que eu preciso partilhar é a maneira como me defendi do sofrimento causado pela solidão, daquele quase autismo forçado que sentimos quando vamos à rua e parece que está toda a gente combinada para não nos ligar nenhuma.
1) Tem um radiozinho? Ouça música ao deitar e quando se levanta;
2) Sabe fazer crochet, tricot, bordados? Inicie um trabalho, faça dele um projeto;
3)Tem um animal de estimação? dê -lhe muito carinho porque receberá em dobro;
4)Acredita em Deus? Então, quando a tarde cai e de repente fica crepúsculo e o peito estala, respire fundo, muitas vezes e faça uma oração; se tiver um Bíblia, melhor.Abra-a e leia um salmo;
5)Tem uma varanda ou um jardim? Uma simples janela? Não se deite sem ver as estrelas, sem saudar a lua, sem aspirar o misterioso perfume da noite;
6) Gosta de escrever? Arranje um caderno e escreva todos os dias o que lhe aconteceu de bom;
7) Se não tem dificuldade em andar, faça um passeiozinho de manhã e outro ao fim da tarde;
8) Se não tem dinheiro para fazer compras para si, vá na mesma, de vez em quando, a um centro comercial: observe as pessoas - elas esperam um olhar seu, ou mesmo um sorriso. Nunca se sabe se por detrás de uma fisionomia comum não estará uma grande dor;
9) Se se debate com falta de dinheiro, pode cuidar de si na mesma: pode adquirir um verniz de unhas com um euro ou mimar os seus pés com um bom banho de água morna e sal grosso.
Um grande abraço